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O documentário QUIRIRIM OUTROS TEMPOS irá abordar as mudanças ocorridas no Distrito do Quiririm, na cidade de Taubaté-SP, antes e depois das transformações ocorridas a partir dos anos 50, transformações essas que provocaram a descaracterização do distrito enquanto núcleo de imigrantes. Partindo de estudos e pesquisas já realizadas sobre a temática, a ideia central é provocar reflexões sobre as mudanças estruturais ocorridas na região, tais como a instalação das primeiras indústrias, a construção de grandes rodovias e a expansão urbana e como elas impactaram na identidade do grupo, na preservação de suas tradições e de seu patrimônio histórico e arquitetônico. Outro desafio a que o grupo também se propõe é, partindo das questões locais acima expostas, lançar questionamentos e reflexões para processos que ocorrem também em outros lugares. Produção independente cuja parte técnica será realizada pela Produtora TOE FILMES de Taubaté e por uma equipe composta por Alexandre Malosti (Produtor e Gestor Cultural), Renata M. Pistilli Eberhard (Historiadora), Jenifer Botossi (Produtora e Gestora Cultural) e Junior Guimarães da Produtora TOE Filmes.

Justificativa:

No final do século XIX, ao ser constatado pela elite detentora de terras que o regime de escravidão estava com seus dias contados, foram feitos esforços no sentido de se arregimentar e transportar trabalhadores europeus ao Brasil.

 

No entanto, embora o assim denominado Oeste Paulista tenha sido o destino principal dos braços recrutados, também o Vale do Paraíba, uma região na qual o café já se encontrava em uma fase de decadência, recebeu imigrantes. Mesmo que nessa região o volume de trabalhadores europeus chegados tenha sido muito menor que nas novas regiões cafeeiras, os imigrantes, principalmente os italianos, marcaram de inúmeras formas sua presença na região.

 

A história dos imigrantes no Vale difere da história deles no Oeste Paulista não somente no volume de imigrantes chegados. No Vale, embora aqui também tenha havido fazendas de café que contratassem imigrantes, predominou a instalação deles em núcleos coloniais criados com o intuito de fomentar a produção de gêneros de subsistência e valorizar terras já por demais desgastadas pela produção de café.

 

Conforme pode ser constatado pela leitura dos jornais locais das décadas de dez e vinte do século XX, o Núcleo Colonial de Quiririm parece ter conquistado muito rapidamente grande prosperidade, impondo-se como centro não só de gêneros, como também de cultura.

 

Dos quatro núcleos instalados no Vale pelo governo central nas cidades de Guaratinguetá, Lorena, Taubaté e Jacareí, o Núcleo de Quiririm foi sem dúvida aquele que por mais tempo permaneceu enquanto grupo fechado detentor de características culturais diversas das encontradas ao seu redor. Isso pode ser comprovado, por exemplo, pelo depoimento do sociólogo Freitas Marcondes em artigo publicado em 1979 pela revista Problemas Brasileiros.

 

Tais características de centro produtor e irradiador de cultura imigrante italiana vão perdendo cada vez mais seus contornos a partir do momento em que o local é circundado por indústrias de grande porte. Os novos habitantes em seu entorno, assim como a própria facilidade de locomoção, fazem com que os contornos do grupo se diluam. Além disso, o próprio desaparecimento da geração nascida na Itália e de seus filhos nascidos no Brasil faz com que tradições deixem de ser vividas no cotidiano.

 

Hoje a última geração que conviveu com os imigrados atinge idade avançada. Grande parte dela já não existe mais. Em alguns anos estes últimos membros já não estarão mais aqui para contar como era viver na Pequena Itália do Vale do Paraíba.

A tarefa de colher tais relatos faz-se urgente.

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